Em 2021, prestei concurso para Professor Titular na UFJF. Na ocasião apresentei este memorial e uma tese em criação literária, a uma banca formada pela professora Glória Viana e os professores Edimilson de Almeida Pereira, João Camillo Penna e Luiz Fernando Medeiros de Carvalho.
Foi um evento importante de uma carreira acadêmica e de uma vida profissional que começou, na UFJF em 2004 e dentro de uma Faculdade de Letras em 1986.
A tese em criação publiquei no livro Mercado de Engenhos, lançado em 2022 pela TextoTerritório. O memorial, publico-o aqui. Pode haver quem se interesse.
Nessa releitura, percebo que é uma homenagem aos profissionais das Letras que me marcaram e com quem dividi parte significativa da vida profissional que está aí narrada. Há muito mais homens que mulheres nesse trajetória. Isso é um traço que, ainda que tardiamente, devo reconhecer. Um traço evidente do machismo numa escola cuja graduação é majoritariamente feminina, e encontra entre seus professores, doutores e titulares uma inversão quantitativamente desproporcional. Isso vem mudando com o tempo, mas estamos longe e há muita luta pela frente. A dedicatória fiz “para Carolina Bezerra, ao meu lado para cada página aqui escrita”. Refaço-a. Mas não deixa de me chamar atenção as presenças femininas nas dedicatórias que fiz ao longo da vida. Todas formas de trazer a público um lugar íntimo, familiar e amoroso que as mulheres tiveram/têm na minha vida. Esse gesto amoroso de dedicar, também, uma forma velada de machismo. Isso me leva a reler o memorial e verificar como silenciei o nome de muitas mulheres com quem me formei nas salas de aulas nas Faculdades de Letras. Glória Vianna é a exceção aqui presente. Por ela, por Carolina que mais do que ter estado ao meu lado, é leitora e interlocutora ativa, por Clarice, Dandara e Luara, nossas filhas, vou me esforçando para estar cada vez mais atento e desconfiado quanto ao meu lugar de privilégio no mundo.