11- Paciência do leitor, tato do memorialista

Peço paciência ao leitor. Tentarei evitar essa indicação excessiva de fontes, não sem temer a acusação de autoplágio. Mas talvez o autoplágio seja a figura central e necessária para dizer a experiência de um memorial. Tentarei revisitar-me indo a textos que já escrevi. Essa revisitação é, de verdade, um reencontro. E talvez venha a ser parte da construção de uma reexistência, como intitulei meu último (but not the least) projeto de pesquisa, justamente para o pós-doc frustrado em 2020, Ficção e reexistência.

Chegaremos a esse projeto em outro momento (não necessariamente o oportuno), mas antes preciso acrescentar que, nesse reencontro, aquele leitor curioso e ávido, além de imbatível goleiro dos campos de várzea da imediações da SQN104, está bastante decepcionado comigo. E, assumindo minha opção de não afogá-lo, devo enfrentar sua frustração. Ele queria ser escritor, isso para ele queria dizer ser ficcionista ou poeta. E, tendo se esquecido do sonho em que disse-lhe que viria a escrever relatórios, artigos e memoriais para, no fim das contas, pleitear uma vaga de professor titular na UFJF em 2021, é justificável seu desapontamento.

Será preciso tato para dizer-lhe que concluiria o ensino médio no Rio de Janeiro (onde já então escreveria e dirigiria uma peça de teatro); escreveria, antes de entrar na Faculdade de Letras da UFJF, em 1987, dois livros de poesia (um, graças a Deus, inédito e outro que viria a ser revisto e publicado, por uma aluna sua, numa plaquete em 2012); que lhe arranjariam um emprego de Menor Auxiliar no Banco do Brasil, onde se efetivaria como Escriturário em 1989; e isso o levaria a trancar a matrícula na UFRJ e transferir-se para a FAHUPE.

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