Eu conheceria, também em 2001, na UniverCidade, instituição em que trabalhei entre 2000 e 2004, o poeta Oswaldo Martins. Os alunos perguntavam se éramos primos, ou mesmo irmãos. Não negávamos e íamos nos divertindo enquanto as caronas na volta do trabalho selavam o conhecimento e a amizade. Uma semana após o lançamento do seu segundo livro, minimalhas do alheio(2002), uma aluna, ao final da aula do noturno, olhos arregalados, me abordou:
– Alexandre, você viu o poema que está na página 53 do livro do professor Oswaldo?1
Não sabia exatamente de qual poema se tratava mas imaginei. Não adiantaram minhas longas explicações sobre ficção e fingimento em poesia. Ela não se dava por convencida:
– Agora, se eu cruzar sozinha com o professor Oswaldo no corredor, vou sair correndo.
Contive o riso que se desatou em dupla, quando contei-lhe a história na carona de volta daquela mesma noite. Rimos, muito como rimos até hoje. Talvez não nos déssemos conta, mas esse episódio já seria uma luz de alerta sobre episódios que se sucederiam com os quais vamos tendo que lidar na política brasileira exatamente neste momento em que escrevo.
Na época eu começaria a fazer um blog e depois um site, chamado TextoTerritório. A ideia era expressa no slogan que até hoje serve à editora de mesmo nome. “Lugar para criação de textos. Textos para criação de lugares.” Oswaldo entrou como parceiro de primeira hora nas funções de administrar e fomentar publicações.
2008 foi o ano de sua demissão da Escola Parque, supostamente porque era autor de poemas eróticos. Tenho para mim que o verdadeiro motivo está na “arte da deseducação”, série de poemas de seu livro cosmologia do impreciso, que foi lançado naquele mesmo ano. Arbitrariedade amplamente noticiada, levou-nos a começar oficinas de criação literária em nome da TextoTerritório, que, quatro anos mais tarde, como editora, viria a publicar seu primeiro livro, Rapace, de André Capilé, outro ex-aluno, intruso da filosofia, que se tornou irmão, pai e filho.
1Trata-se do poema de número 6, da série I modi, que pode ser lida integralmente aqui: http://www.textoterritorio.pro.br/imodi/index.html